Ah, Série B

Guiga da Cusseta

* Esta coluna foi originalmente escrita ao final do 1º turno do Brasileiro 2017, mas o vagabudmo aqui não publicou a tempo, e ficou meio desatualizada. Releve, nobre leitor(a). Eu não mudo de opinião tão rapidamente assim, não.

Fui convidado pelos nobres Cartesianos para escrever sobre futebol às quintas-feiras. O foco seria inicialmente futebol das antigas, pois “você é o velho do grupo” e poderia “me lembrar do que aconteceu como testemunha ocular”. Aí disse o que faria com as respectivas velhas e decidiram mudar o foco. Como acompanho muito divisões inferiores do futebol, me ofereci para fazer uma coluna sobre isso às quintas. Todos adoraram. Aí que saquei que estavam me sacaneando porque neste ano o "meu Inter" está na Série B...

Mas já que é pra falar de rebaixamento, seus vaganunfos, e aproveitando o final do primeiro turno do Brasileiro de 2017, decidi falar da minha parte favorita dos campeonatos: a briga pela permanência. Com 19 jogos já dá para tirar uma base de quem vai lutar pra ficar, mas a análise dos últimos anos mostra que mesmo quem está um pouco afastado ainda não pode descuidar da luta pelos tradicionais 45 pontos (uma pontuação bastante segura, que só não funcionou em uma ocasião nos pontos corridos com 20 clubes: Coritiba em 2009, que terminou com justamente 45 pontos). Com base na análise de anos anteriores, arrisco uma previsão:

São Paulo não deve cair!

Afirmar isso hoje vai contra o senso comum. O núcleo de estatísticas da UFMG coloca o time do Morumbi com 48,8% de probabilidade de queda após o primeiro turno, à frente apenas de Atlético Goianiense e Avaí. O site Chance de Gol dá números mais parecidos com o meu ‘feeling’ mas, ainda, assim, crava que o SPFC tem 28% de chances de rebaixamento.

Com base em anos anteriores, contudo, é possível afirmar com certa confiança que time “grande” (contando aqui os 4 do Rio, os 4 de São Paulo, os 2 do RS e os dois mineiros) que fecha o turno no Z4 tem uma chance de 3:1 de não cair. No geral, essa equipe acaba se recuperando no segundo turno e escapando.

Por treze vezes o “grande” que estava no Z4 ao final dos primeiros 19 jogos no campeonato de pontos corridos escapou da queda.
2003 — Grêmio (23º ao final do primeiro turno)
2004 — Botafogo (22º) e Flamengo (24º)
2005 — São Paulo (19º)
2006 — Corinthians (19º)
2008 — Santos (18º) e Fluminense (19º)
2009 — Fluminense (19º)
2010 — Atlético Mineiro (17º)
2011 — Atlético Mineiro (19º)
2013 — São Paulo (17º)
2016 — Botafogo (17º)* e Cruzeiro (18º)
* Botafogo tinha um jogo a menos em 8/8/2016, final do 1º turno

O que não significa que os “grandes” sempre se safaram: em quatro ocasiões eles confirmaram as previsões de rebaixamento (Atlético Mineiro em 2005, Palmeiras em 2012 e Vasco da Gama em 2008 e 2015).
2005 — Atlético Mineiro (22º ao final do primeiro turno)
2008 — Vasco (17º)
2012 — Palmeiras (17º)
2015 — Vasco (20º)

É bom observar que, obviamente, os “grandes” caem menos do que os chamados “médios” e “pequenos”, em função dos vários fatores que criaram essa disparidade inicialmente. Dos 54 rebaixados desde a acepção dos pontos corridos, em 2003, apenas 9, ou seja, 1/6, fazem parte das doze maiores torcidas do Brasil.

Ainda assim, desde 2012 todo ano um “grande” cai. E, nos últimos anos, tem aumentado o número de clubes que não estavam no Z4 ao final do 1º turno. Sinal de alerta para os “grandes” mais acomodados!
2004 — Grêmio (19º)
2007 — Corinthians (13º)
2013 — Vasco da Gama (11º)
2014 — Botafogo (12º)
2016 — Internacional (13º)

Atualização: a casa caiu pro Vasco nos dois últimos jogos. O clube grande que mais disputou Série B parece que sentiu saudades e tá pedindo pra vooooltaaaar... os próximos 4 jogos são canseira (Fluminense F, Grêmio C, Corinthians F, Sport F).