Cartas do Coração (na ponta da chuteira) #9

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Oi bonitinhos!
Sei que hoje é sabadão, dia de baladinha,
mas não saia de casa antes de ler a coluna da Kissy hein!
Hoje é a terceira e última parte
da minha sórdida história de quase amor.
Pra quem não leu, veja em: Cartas do Coração (na ponta da chuteira) #7 e Cartas do Coração (na ponta da chuteira) #8
E em breve... Muito em breve... Mais
em breve do que vocês imaginam... Estarei eu linda e loira e o meu Bolagatinho
no Youtube. Aguardem e confiem!
Por que a Fifa não autoriza mais
morte súbita nos jogos? Era interessante. Tudo bem que é um método um pouco
injusto, afinal o time que está indo pior pode achar um gol e terminar por isso
mesmo. Mas quem disse que a vida é justa, não é?
Ele não respondeu meu sms.
Eu poderia ter me esforçado mais:
ter ido lá, bater, ligar, deixar recado na caixa postal, enviar um telegrama,
uma carta de amor, mas como disse no início eu não corro mais atrás da bola.
Agora fico apenas na banheira (e particularmente sou boa na banheira).
Não estava morrendo de amores, mas é sempre bom
conhecer gente interessante. Ainda mais neste antro de boleiros-moleques-zicas
que se preocupam em marcar gol não pelo time, mas para lançar uma dancinha nova
na mídia. Eu tenho horror a comemorações de gol muito “elaboradas”. O gol por
si só já é um espetáculo, não precisa enfeitar.
Ele não comemora gol com
dancinha. Mesmo porque ele nem faz gol, é goleiro. Um bom goleiro e um goleiro
muito bom.
O problema é que ele também não
responde sms.
Nem era uma mensagem muito
elaborada. Nada de “estou com saudades” ou “oi, você lembra de mim?”. Apenas
um: Espero que esteja bem, kisses da Kissy. Mas não custava responder.
E já fazia uma hora que eu havia
mandado o sms, e nada. Um dia, uma semana, e eu já sabia que ele tinha
melhorado. Voltou a jogar e o time se classificou na
Libertadores. Prometi para mim mesma que não iria a nenhum jogo. Mesmo porque,
acho que eu é que tinha dado azar a ele.
Eu poderia terminar por aqui. Já deu pra vocês perceberem que esse lance não deu certo. Mas vou contar o porquê não deu
certo. Vai que vocês estão passando por algum problema de relacionamento, pelo
menos a minha lamúria servirá como um consolo.
Passado algum tempo, creio que mais ou menos um mês do sms enviado, ele foi num desses programas de futebol com algo
mais. Esses que juntam futebol com música, fofoca e um monte de caras dando
palpites óbvios. Eu assisti né. Só tinha prometido que não iria aos jogos dele.
Foi quando um dos fofoqueiros perguntou sobre o coração, e ele respondeu que
estava bom, batendo, e isso que importava. E que não falaria sobre mulheres.
Tá ai uma coisa que me atrai
muito, homem discreto. Por outro lado, preferia ouvir que ele estava livre e
solto, como os judeus quando Moisés os tirou do Egito. Ai eu poderia arquitetar
um encontro casual em algum evento. Mas com essa resposta fria e a falta de
resposta via sms, era melhor eu evitar esses encontros forjados.
Desencanei do jovem. Não a ponto
de não ler mais matérias sobre ele, mas a ponto de aceitar o convite do
festeiro babaca para jantar. E adivinha quem eu encontro no restaurante?
Não, não era ele. Encontrei nosso amigo culto e
chato.
- Oi Kissy!
- Oie, você por aqui?
- Pois é, lugar público né?
- Sim, sim! Hehehehe (tonto,
pensei eu...).
- Então, nosso amigo goleiro
voador perguntou de você.
- Ah sim, e como ele está?
- Meio puto. Porra Kissy, a noite
inteira conversando com o cara e você passa o número de telefone errado. Ele
achou que você estava tirando com a cara dele.
- Como assim? Passei meu celular,
ué.
- Não senhora. Ele veio confirmar
comigo, você disse que o final era 2898 e não 9828. E como você é meio danada
eu nem disse o número certo. Você sempre faz isso de propósito.
- Mas eu mandei um sms pra ele e
ele não respondeu. Deve estar aqui no meu celular ainda...
Pego o celular. Abro as
mensagens. E vejo o símbolo vermelho com o texto MENSAGEM NÃO ENVIADA.
- Tudo bem, Kissy. Todo mundo
sabe que você é fogo, né? Hehehehe.
- É! Hehehehehe (tonto, tonto,
três vezes tonto!). E tonta também!
Voltei pro jantar e pedi uma
garrafa de vodca. Já que eu sou fogo, melhor ficar de fogo.
Um brinde às empresas de
telefonia!
E um brinde a quem bebe demais e
passa o número de telefone errado.