A festa também é nossa, mas o espetáculo é todo deles

https://futebolcartesiano.blogspot.com/2014/05/a-festa-tambem-e-nossa-mas-o-espetaculo.html
Por Pedro Cavalcanti
Curioso ver a comoção que uma decisão de UEFA Champions League (disputada à quase 8 mil quilômetros de São Paulo) consegue despertar nos brasileiros. O clássico espanhol realizado no último sábado foi transmitido em rede nacional por duas das maiores emissoras do país e despertou um envolvimento menor apenas do que os jogos do Brasil na Copa do Mundo. Exagero? Então busque as postagens dos seus amigos há dois dias atrás e tente fazer uma comparação com as postagens de ontem, quando tivemos a 7ª rodada do Campeonato Brasileiro. Se ainda assim você não estiver convencido, compare a audiência da TV Globo neste fim de semana e veja que a distância entre os dois mundos é muito curta quando lembramos que a maior competição do velho continente não tem nenhum envolvimento com clubes brasileiros.
- Final da UEFA Champions League: 15,2 pontos de audiência
- Campeonato Brasileiro (Corinthians x Sport): 19 pontos de audiência
Sou leigo quando o assunto é marketing esportivo, mas é inegável o talento dos europeus quando falamos de promoção dos seus principais eventos. A Heineken, parceira da UEFA Champions League, realizou campanhas no Brasil, fechando uma parceria com uma rede de lojas de sapatos. A ação gerou muito mais do que bons momentos, como também mídia espontânea nas redes sociais, coisa que os parceiros das competições nacionais nem sonham do que se trata.
Alheio a todos estes fatos, me assustou ver a quantidade de vezes que li #HalaMadrid no Facebook e no Twitter. Se eu estivesse cercado de amigos espanhóis, até entenderia o motivo da festa pelo 10º título europeu dos 'merengues'. O problema é que eu li isso de corintianos, são-paulinos e santistas, que, na teoria, torcem para times grandes até mesmo quando comparamos com o resto do mundo.
Temo que a incapacidade dos gestores do futebol brasileiro em explorar os nossos torneios crie um verdadeiro abismo midiático entre o Brasil e a Europa. Para os fãs de basquete, é comum torcer para um time da NBA. Quando sobra tempo, o carinha cria algum vinculo pelo time da sua cidade que disputada a NBB, mas nada que o transforme num consumidor dos produtos dos times brasileiros. Na NFL também vemos o mesmo efeito, uma vez que não contamos com uma liga profissional de futebol americano. O problema é que o futebol daqui segue o mesmo caminho e cada vez mais perde espaço para o mercado europeu. Se continuarmos nesse ritmo, não duvido que a UEFA Champions League e outras ligas europeias tomarão o espaço que hoje o futebol brasileiro ocupa nas salas e bares dos quatro cantos do Brasil. Tenho medo só de imaginar!
*A foto pertence a capa do site www.realmadridbrasil.com.br, uma torcida organizada de torcedores do clube de Madrid no Brasil. Fazendo uma rápida busca por outros clubes europeus, não será difícil encontrar outros grupos.
Curioso ver a comoção que uma decisão de UEFA Champions League (disputada à quase 8 mil quilômetros de São Paulo) consegue despertar nos brasileiros. O clássico espanhol realizado no último sábado foi transmitido em rede nacional por duas das maiores emissoras do país e despertou um envolvimento menor apenas do que os jogos do Brasil na Copa do Mundo. Exagero? Então busque as postagens dos seus amigos há dois dias atrás e tente fazer uma comparação com as postagens de ontem, quando tivemos a 7ª rodada do Campeonato Brasileiro. Se ainda assim você não estiver convencido, compare a audiência da TV Globo neste fim de semana e veja que a distância entre os dois mundos é muito curta quando lembramos que a maior competição do velho continente não tem nenhum envolvimento com clubes brasileiros.
- Final da UEFA Champions League: 15,2 pontos de audiência
- Campeonato Brasileiro (Corinthians x Sport): 19 pontos de audiência
Sou leigo quando o assunto é marketing esportivo, mas é inegável o talento dos europeus quando falamos de promoção dos seus principais eventos. A Heineken, parceira da UEFA Champions League, realizou campanhas no Brasil, fechando uma parceria com uma rede de lojas de sapatos. A ação gerou muito mais do que bons momentos, como também mídia espontânea nas redes sociais, coisa que os parceiros das competições nacionais nem sonham do que se trata.
Alheio a todos estes fatos, me assustou ver a quantidade de vezes que li #HalaMadrid no Facebook e no Twitter. Se eu estivesse cercado de amigos espanhóis, até entenderia o motivo da festa pelo 10º título europeu dos 'merengues'. O problema é que eu li isso de corintianos, são-paulinos e santistas, que, na teoria, torcem para times grandes até mesmo quando comparamos com o resto do mundo.
Temo que a incapacidade dos gestores do futebol brasileiro em explorar os nossos torneios crie um verdadeiro abismo midiático entre o Brasil e a Europa. Para os fãs de basquete, é comum torcer para um time da NBA. Quando sobra tempo, o carinha cria algum vinculo pelo time da sua cidade que disputada a NBB, mas nada que o transforme num consumidor dos produtos dos times brasileiros. Na NFL também vemos o mesmo efeito, uma vez que não contamos com uma liga profissional de futebol americano. O problema é que o futebol daqui segue o mesmo caminho e cada vez mais perde espaço para o mercado europeu. Se continuarmos nesse ritmo, não duvido que a UEFA Champions League e outras ligas europeias tomarão o espaço que hoje o futebol brasileiro ocupa nas salas e bares dos quatro cantos do Brasil. Tenho medo só de imaginar!
*A foto pertence a capa do site www.realmadridbrasil.com.br, uma torcida organizada de torcedores do clube de Madrid no Brasil. Fazendo uma rápida busca por outros clubes europeus, não será difícil encontrar outros grupos.