A Vergonha Nossa de Cada Dia

https://futebolcartesiano.blogspot.com/2013/12/a-vergonha-nossa-de-cada-dia.html
Por Lindolfo Nascimento
Hoje não tem Lindolfoca.
Eu bem que queria escrever um texto descontraído, mas não vai rolar.
Estamos em 2013, às vésperas de sediarmos uma Copa do Mundo, e ainda vemos os fantasmas arcaicos da perpetuação da desonestidade e da lei de Gérson assombrandonosso futebol.
Nos anos 90 ainda vimos muitas viradas de mesa acontecerem. Ok, entendíamos que o profissionalismo tão sonhado ainda não havia batido à nossa porta.
E por acaso ele chegou?
Em partes. Digamos que quando Andrés Sanches liderou o esvaziamento ao Clube dos 13 - intermediário inútil entre as emissoras de TV e os clubes no repasse de cotas - ele conseguiu fazer com os clubes recebessem o que lhes é devido, logo, os clubes que conseguem melhor gerir seu futebol, conseguem também contratar mais e melhor, realizar ações de marketing, amortecer suas dívidas, pagar jogadores em dia e equilibrar finanças caso algo dê errado em seu planejamento de temporada. Não é pouca coisa e tampouco são todos os clubes que conseguem realizar tudo isso da melhor forma.
Com a Copa Mundo, muitos clubes também conseguiram modernizar seus estádios e novos foram construídos para sediar o evento (públicos e privados) como também de outros clubes que aproveitaram o impulso para alinhavar acordos e também "entrarem de vez" no século 21 com novas arenas, - ainda que pra isso outros elefantes brancos fossem financiados pelo dinheiro público -, fica a previsão de que nós torcedores conseguiremos assistir aos jogos de nossos times do coração com mais conforto e segurança..
Então de certa forma, sim, nosso futebol está há algum tempo um pouco mais próximo do tão almejado profissionalismo. Nada disso aconteceria se não fosse pela previsão de aumento de lucro por parte das grandes empresas envolvidas no meio, mas ao menos algo está acontecendo.
Por outro lado...
Podemos ver que esse avanço se dá apenas no tocante ao aspecto mais estritamente comercial do espetáculo: pautas reinvindicadas pelo público e pelo Bom-Senso F.C. como mudança do horário das partidas de meio de semana para um horário mais acessível ao trabalhador, a alteração do calendário para que se adeque melhor ao calendário europeu, um maior cuidado com as categorias de base, ou o fair-play financeiro são completamente ignoradas por nossa mandante-mor CBF.
Assistimos ainda às absurdas consequências do destrato ao torcedor no jogo entre Atlético PR x Vasco na última rodada do campeonato Brasileiro: confrontos entre torcidas que chegaram a paralisar o jogo e torcedores sendo retirados desacordados do estádio rumo à UTI. Há quem diga que tudo foi premeditado já se pensando em uma virada de mesa a favor do Vasco a partir de uma anulação da partida. Esse caso o STJD já julgou. A virada não se fez possível.
Mas ainda fica o enorme desconforto/vergonha/constrangimento, que é o recurso feito pelo Fluminense afim de que a Portuguesa seja punida com a perda de 3 pontos e por consequência rebaixada no lugar do tricolor carioca. O que pegou foi o fato de supostamente a Portuguesa ter jogado (por aproximadamente 15 minutos) com um jogador irregular contra o Grêmio na última rodada. O que pega é que o campeão Cruzeiro e mesmo o Atlético Mineiro teria cometido a mesma infração no campeonato e apenas sofrido uma multa de R$ 10mil cada, o que, convenhamos, para um grande clube de futebol nem chega a ser uma punição. Pra complicar ainda mais o caso, existe uma determinação nos autos de que o cumprimento da suspensão do jogador seja a partir do primeiro dia útil após o julgamento, o que isentaria a Portuguesa, uma vez que o jogo se deu no fim de semana.
Tá complicado? Leve em consideração que se for levar o recurso a cabo, a CBF deverá rebaixar o Flamengo, por também ter escalado um jogador irregular (por ter sido expulso na final da Copa do Brasil, tendo que cumprir a suspensão no jogo seguinte, tendo sido este o jogo Brasileirão) e também tomar o título de 2010 do próprio Fluminense, visto que à época o tricolor das Laranjeiras foi campeão passando por situação semelhante (escalado jogador suspenso), à época o redator do STJD afirmou que o tricolor ganhou o título em campo. Minha pergunta é:
E por acaso o Fluminense também não foi rebaixado dessa vez em campo?
Entretanto vou além em minha análise:
Com um clube grande rebaixado, muitos são os beneficiados, inclusive a TV que aprendeu a partir do rebaixamento do Corinthians a faturar alto sobre a série B, "monopolizando" o sábado com um clube enquanto faz o rodízio que melhor convém no domingo. O Palmeiras nesse ano mais do que ratificou a viabilidade desse modus operandi.
Mas e com dois grandes no segundo quadro? Como maximizar os lucros de forma discreta?
E mais:
Como fazer com dois grandes da mesma cidade maravilhosa na segunda divisão?
Os argumentos contra essa virada de mesa são diversos e consistentes. Pena que a lógica da ética raramente se sobrepõe à lógica do dinheiro. E a credibilidade frente o torcedor?
Bah, quem se importa pro que o torcedor pensa?
Hoje não tem Lindolfoca.
Eu bem que queria escrever um texto descontraído, mas não vai rolar.
Estamos em 2013, às vésperas de sediarmos uma Copa do Mundo, e ainda vemos os fantasmas arcaicos da perpetuação da desonestidade e da lei de Gérson assombrandonosso futebol.
Nos anos 90 ainda vimos muitas viradas de mesa acontecerem. Ok, entendíamos que o profissionalismo tão sonhado ainda não havia batido à nossa porta.
E por acaso ele chegou?
Em partes. Digamos que quando Andrés Sanches liderou o esvaziamento ao Clube dos 13 - intermediário inútil entre as emissoras de TV e os clubes no repasse de cotas - ele conseguiu fazer com os clubes recebessem o que lhes é devido, logo, os clubes que conseguem melhor gerir seu futebol, conseguem também contratar mais e melhor, realizar ações de marketing, amortecer suas dívidas, pagar jogadores em dia e equilibrar finanças caso algo dê errado em seu planejamento de temporada. Não é pouca coisa e tampouco são todos os clubes que conseguem realizar tudo isso da melhor forma.
Com a Copa Mundo, muitos clubes também conseguiram modernizar seus estádios e novos foram construídos para sediar o evento (públicos e privados) como também de outros clubes que aproveitaram o impulso para alinhavar acordos e também "entrarem de vez" no século 21 com novas arenas, - ainda que pra isso outros elefantes brancos fossem financiados pelo dinheiro público -, fica a previsão de que nós torcedores conseguiremos assistir aos jogos de nossos times do coração com mais conforto e segurança..
Então de certa forma, sim, nosso futebol está há algum tempo um pouco mais próximo do tão almejado profissionalismo. Nada disso aconteceria se não fosse pela previsão de aumento de lucro por parte das grandes empresas envolvidas no meio, mas ao menos algo está acontecendo.
Por outro lado...
Podemos ver que esse avanço se dá apenas no tocante ao aspecto mais estritamente comercial do espetáculo: pautas reinvindicadas pelo público e pelo Bom-Senso F.C. como mudança do horário das partidas de meio de semana para um horário mais acessível ao trabalhador, a alteração do calendário para que se adeque melhor ao calendário europeu, um maior cuidado com as categorias de base, ou o fair-play financeiro são completamente ignoradas por nossa mandante-mor CBF.
Assistimos ainda às absurdas consequências do destrato ao torcedor no jogo entre Atlético PR x Vasco na última rodada do campeonato Brasileiro: confrontos entre torcidas que chegaram a paralisar o jogo e torcedores sendo retirados desacordados do estádio rumo à UTI. Há quem diga que tudo foi premeditado já se pensando em uma virada de mesa a favor do Vasco a partir de uma anulação da partida. Esse caso o STJD já julgou. A virada não se fez possível.
Mas ainda fica o enorme desconforto/vergonha/constrangimento, que é o recurso feito pelo Fluminense afim de que a Portuguesa seja punida com a perda de 3 pontos e por consequência rebaixada no lugar do tricolor carioca. O que pegou foi o fato de supostamente a Portuguesa ter jogado (por aproximadamente 15 minutos) com um jogador irregular contra o Grêmio na última rodada. O que pega é que o campeão Cruzeiro e mesmo o Atlético Mineiro teria cometido a mesma infração no campeonato e apenas sofrido uma multa de R$ 10mil cada, o que, convenhamos, para um grande clube de futebol nem chega a ser uma punição. Pra complicar ainda mais o caso, existe uma determinação nos autos de que o cumprimento da suspensão do jogador seja a partir do primeiro dia útil após o julgamento, o que isentaria a Portuguesa, uma vez que o jogo se deu no fim de semana.
Tá complicado? Leve em consideração que se for levar o recurso a cabo, a CBF deverá rebaixar o Flamengo, por também ter escalado um jogador irregular (por ter sido expulso na final da Copa do Brasil, tendo que cumprir a suspensão no jogo seguinte, tendo sido este o jogo Brasileirão) e também tomar o título de 2010 do próprio Fluminense, visto que à época o tricolor das Laranjeiras foi campeão passando por situação semelhante (escalado jogador suspenso), à época o redator do STJD afirmou que o tricolor ganhou o título em campo. Minha pergunta é:
E por acaso o Fluminense também não foi rebaixado dessa vez em campo?
Entretanto vou além em minha análise:
Com um clube grande rebaixado, muitos são os beneficiados, inclusive a TV que aprendeu a partir do rebaixamento do Corinthians a faturar alto sobre a série B, "monopolizando" o sábado com um clube enquanto faz o rodízio que melhor convém no domingo. O Palmeiras nesse ano mais do que ratificou a viabilidade desse modus operandi.
Mas e com dois grandes no segundo quadro? Como maximizar os lucros de forma discreta?
E mais:
Como fazer com dois grandes da mesma cidade maravilhosa na segunda divisão?
Os argumentos contra essa virada de mesa são diversos e consistentes. Pena que a lógica da ética raramente se sobrepõe à lógica do dinheiro. E a credibilidade frente o torcedor?
Bah, quem se importa pro que o torcedor pensa?