Cartas do Coração (na ponta da chuteira) #8

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Olá queridos!
Tudo dentro?
Tudo dentro?
Na semana passada comecei a abrir
meu coração (na ponta da chuteira) pra vocês.
Se você não leu, leia aqui: Cartas do Coração (na ponta da chuteira) #7
Como disse, em vez de responder as perguntas eu estou abrindo meu coração. Mas continuem mandando as suas cartinhas, que eu respondo com todo prazer.
E em breve no youtube "Pelada na Cama", comigo e meu mascote Bolagato. Aguardem!!!
2° Tempo
O jogo estava bom, mas empate é o
pior resultado depois da derrota. Porque chega uma hora que conversa demais
cansa. E eu não sou o Tite pra gostar de jogo empatado. Mas, como todo mundo
sabe, deixei de ser maria-chuteira. Não corro mais atrás da bola, agora fico
apenas na pequena área esperando para por direto no gol.
- Preciso ir embora.
- Mas já?
- Sim. Sua companhia é muito
agradável, mas preciso tomar um banho.
- Hum... Se é esse o problema,
sinta-se convidada.
- Não estou na melhor semana do
mês.
-Hum... Você sabia que 84% dos
brasileiros consomem catchup?
Foi a deixa para entrarmos numa
partida suja e sem fair play. Acho que essa foi a única besteira que ele disse
a noite inteira. Mas e daí? Tudo tinha sido tão perfeito.
Muita gente condena uma mulher
que gosta de sexo. Mas também condenam mulheres que entendem de futebol. Falam
da islâmica que não mostra nem o rosto, e também falam da periguete que
mostra até o útero. Como diria o sábio pensador Dinho Ouro Preto: “Se eu for ligar
pro que é que vão falar não faço nada... (cara)”.
Eu gosto de sexo e de futebol. E de
ambos ao mesmo tempo.
Bem, nosso encontro terminou de
forma agradável e amistosa, com ele dizendo que eu era incrível, me passou seu
telefone e pegou meu número, e disse que me ligaria no dia seguinte. Não ligou.
Existe coisa mais frustrante que
conhecer um homem maravilhoso, que parece estar muito a fim e que não liga no
dia seguinte? Sim, existe.
Imagina seu time em uma fase
ruim, precisando de reforços. Ai o presidente tem a brilhante ideia de trazer
de fora um talento revelado aqui, que custa os olhos da cara e que vem para ser
“O” salvador. Ele chega, a apresentação é uma festa. Na primeira partida ele se
machuca e nunca mais é o mesmo.
Ou um jogador que comia a bola em
um outro time (e não estou falando do Walter). Quando é contratado pelo seu
time, não corresponde em campo nem 10% do que ele era.
Ou ainda, seu time em uma final.
Jogo de volta, tem a vantagem do empate. 44 minutos do segundo tempo e o zagueiro
- que é igual ir viajar de Fiat 147: pode até dar certo, mas uma hora vai te
deixar na mão – resolve entrar duro no adversário que não tinha nem chances de
fazer o gol. Pênalti pros caras. Eles marcam, seu time perde, acaba o jogo e o
campeonato.
Enfim, poderia citar vários
exemplos de coisas que são piores do que a falta da ligadinha no dia seguinte,
como a fome na África, a seca no Nordeste, guerra no Oriente Médio, o Alexandre
Pato, entre outros. Mas só quem espera uma ligação no dia seguinte sabe o
quanto isso é frustrante.
Passou o dia, passou a semana e o
mês. Nenhuma ligação. Só tinha contato com ele quando via jogos de seu time no
campeonato. Ele aparecia na vinheta de abertura da emissora dando um joia pra
câmera, quando mostravam a escalação. Aliás, eu acho essa abertura muito
constrangedora. E acho que todos os jogadores deveriam fazer apenas o joia pra
câmera mesmo. Esse negócio de fazer coração, beijar tatuagem, dar pirueta e etc
é bem over.
Eu não estava tão mal. O sexo foi
consentido, mas eu queria vê-lo novamente em pessoa, não apenas na imagem fria
da TV.
Um dia resolvi ir em um jogo. Era
estreia do seu time na Libertadores, em casa, e eu sabia que se encontrasse lá
o nosso amigo culto chato, teria grandes chances de sair com ele após o jogo.
Libertadores é um campeonato
engraçado. Não acho que os times que disputam a mesma são grandes potências. Acho
o Brasileiro muito mais competitivo e poético. A Libertadores carrega consigo o
mito de servir para atestar a grandeza do time. É igual o cara que quer sair
com uma gostosa siliconada para confirmar a sua masculinidade, mas na verdade
gosta de uma mulher comum, sem maquiagem e com muito conteúdo. Tá ai, a
Libertadores é um Brasileirão maquiado e sem muito conteúdo.
Aquele jogo foi horrível. Ainda
bem que tinha encontrado meu amigo em comum com o goleiro, que além de me fazer
companhia, trazia a esperança de eu poder encontrar o bonito depois da partida.
Era pouco mas de 25 minutos do
segundo tempo, escanteio para o adversário. O goleiro pulou para agarrar a
bola, enquanto o último homem do time adversário pulou para cabecear. Eles se toparam
e o goleiro caiu, batendo a cabeça na trave e perdendo os sentidos.
O jogo parou e ele foi levado
para o hospital. Sei que pode parecer desumano, mas fiquei frustrada por não
ter dado certo o meu possível encontro.
No outro dia vi através da
imprensa que ele teve um traumatismo, mas estava bem e consciente, apenas em
observação e repetindo uns exames.
Resolvi mandar um sms.
Continua...