Onze conclusões sobre a Copa das Confederações

https://futebolcartesiano.blogspot.com/2013/07/onze-conclusoes-sobre-copa-das.html
Por Pedro Cavalcanti
Após 16 jogos, chega ao fim a Copa das Confederações no Brasil. O teste para a Copa do Mundo de 2014 serviu para apontar problemas e qualidades em todos os componentes que formam o espetáculo do futebol.
Durante um e outro copo de cerveja, refleti sobre o "legado" deixado pela competição. Evidentemente, não falo apenas do legado físico, que envolve arenas esportivas e infra-estrutura dos municípios que receberam o torneio. Mesmo importante, a Copa das Confederações não pode ser usada com régua de medida para o sucesso ou fracasso da Copa do Mundo. Neste texto, falo principalmente do legado técnico e do que podemos esperar nos próximos 12 meses, quando a cobrança sobre a Seleção Brasileira será ainda maior.
"Habemus time"
Você pode questionar a teimosia do Felipão com o Hulk, ou a presença do Luiz Gustavo no time titular. Alguns saudosistas dirão que o time sente falta de um armador atuando na frente dos volantes. Entretanto, não podemos continuar dizendo que o time está em formação.
A Copa das Confederações serviu para o Brasil encontrar uma forma de jogar. A dupla de zaga com Thiago Silva e David Luiz deu a segurança necessária para que Daniel Alves e Marcelo subissem ao ataque de vez em quando. Enquanto isso, Paulinho era o ponto de equilíbrio desse time, ocupando inúmeras vezes a função de armador. A qualidade do ex-corintiano simplificou a vida de Fred e Neymar.
A volta de Júlio César
Nunca morri de amores pelo atual goleiro da Seleção. Apesar de reconhecer a sua qualidade no passado, especialmente jogando pela Inter de Milão, Júlio César sempre foi um goleiro que não me passou segurança quando atuou pelo Brasil. A falha diante da Holanda na Copa do Mundo de 2010, que culminou na eliminação brasileira, seria o fim da história do arqueiro na elite do futebol mundial.
Sem prestígio na "Nerazzurri", Júlio deixou Milão em 2012, se transferindo para o modesto Queens Park Rangers, da Inglaterra. Disputando a Premier League, o goleiro brasileiro alternou bons e maus momentos, colocando em dúvida os méritos de sua convocação para a Copa das Confederações.
Apesar da desconfiança, o camisa um mostrou que ainda tem condições de ser titular do Brasil. Com atuações seguras e apenas três gols sofridos na Copa das Confederações, Júlio César foi eleito, com méritos, o melhor goleiro do torneio.
"O craque da camisa número dez"
Que o Neymar é craque, pouca gente duvida. Porém, faltava ao ex-atacante santista uma grande atuação na Seleção Brasileira. Parecia que a grande atuação viria nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. Entretanto, o jogador ficou marcado muito mais pelas vaias que recebeu dos torcedores britânicos do que pelo futebol discreto que apresentou na campanha que culminou na medalha de prata.
Dessa vez a história foi bem diferente. O novo atleta do Barcelona precisou de apenas três minutos no primeiro jogo para mostrar ao mundo qual seria o seu papel na Copa das Confederações. Um belo chute de fora da área abriu o caminho brasileiro na vitória por 3 a 0 sobre o Japão em Brasília. No jogo seguinte, contra o México, outro belo gol e uma jogada de gênio pela ponta esquerda selaram a vitória brasileira em Fortaleza.
No último jogo da primeira fase contra a Itália, em Salvador, Neymar deixou o dele numa cobrança de falta perfeita, superando nada menos do que o goleiro Buffon. A vitória por 4 a 2 colocou o Brasil na primeira colocação do grupo A.
Apesar da atuação discreta de Neymar na semifinal contra o Uruguai, o craque participou dos dois gols brasileiros na vitória por 2 a 1 em Belo Horizonte.
A consagração do atacante veio em grande estilo, na decisão contra a Espanha, no Maracanã. Além de fazer o segundo gol, Neymar participou do terceiro, deixando Fred livre na frente de Iker Casillas após um belo corta luz. O prêmio de melhor jogador do torneio serviu como um belo cartão de visitas aos seus novos colegas espanhóis, não é?
A volta da "Família Scolari"
A fraca campanha com o Palmeiras, que culminou no rebaixamento da equipe no Campeonato Brasileiro de 2012, fez com que Luiz Felipe Scolari chegasse à Seleção cercado de muita desconfiança. Mesmo com os questionamentos da torcida e da imprensa, principalmente pela manutenção de Hulk no time titular, o treinador mostrou que ainda sabe montar um grupo vencedor. O Brasil pode esbarrar em muitos erros, como na armação das jogadas. Mas a Copa das Confederações, como disse anteriormente, serviu para que um time competitivo fosse formado. Queiram ou não, o caminho para a Copa do Mundo já começou.
Fúria?
A grande atuação da Espanha na estréia da Copa das Confederações na vitória por 2 a 1 sobre o Uruguai indicou que o torneio e o futebol mundial tinham um único dono. Entretanto, a fase decisiva mostrou outra coisa.
As humilhantes derrotas de Real Madrid e Barcelona nas semifinais da Liga dos Campeões indicaram uma ruptura no sistema de jogo que dominou o mundo nos últimos anos. Povoar o meio de campo e recompor rapidamente a defesa foram as armas utilizadas pelos alemães do Borussia Dortmund e do Bayern de Munique na competição europeia. Curiosamente, essas armas acabaram com o toque de bola espanhol na semifinal contra a Itália. Mesmo superior, a "Azurra" foi eliminada nos pênaltis. Já o Brasil, com muito mais poder ofensivo, não deu espaço para as investidas espanholas. A vitória por 3 a 0 numa decisão mostrou que a Espanha precisa se reinventar Caso o contrário, o futebol terá um novo dono no ano que vem.
Nunca duvidem da Itália
Definitivamente, não era a melhor Seleção Italiana de todos os tempos. A defesa, que sempre foi o ponto alto, deixou a desejar nos primeiros jogos da Copa das Confederações. Entretanto, a camisa pesa.
Barzagli e Chiellini, que bateram cabeça nos três primeiros jogos, mostraram justamente diante da Espanha como é o "jeitinho italiano" de se defender. Com segurança, os azuis chegaram à terceira posição, após a vitória sobre o Uruguai nos pênaltis. Se não fosse uma contusão de Balotelli antes da semifinal, a decisão poderia ser outra.
TV Bandeirantes 10 x 0 TV Globo
Toda grande cobertura esportiva passa pela análise dos torcedores. Comparações são feitas e opiniões são compartilhadas com a mesma rapidez de um chute. Não poderia ser diferente na Copa das Confederações.
O evento contou com a transmissão de duas emissoras. A Globo, velha de guerra nas competições da Fifa, e a Band, que também não fica atrás na "maturidade" das coberturas futebolísticas.
No meio dessa "festa", tivemos uma série de protestos em diversas capitais do país. A grande mídia, que num primeiro momento estava mobilizada quase que exclusivamente na Copa das Confederações, precisou se dividir. Enquanto a Band conseguiu executar a difícil tarefa com maestria, a Globo se perdeu. William Bonner, apresentador do Jornal Nacional, precisou voltar à bancada do telejornal, "abandonando" a sua rotina ao lado da Seleção.
Outro ponto favorável à TV Bandeirantes foi a quantidade de jogos transmitidos. Enquanto a Globo transmitiu nove das 16 partidas, a Band transmitiu 14 jogos ao vivo e dois tapes de jogos que aconteceram simultaneamente a outra partida.
A copa das manifestações
Apesar da Copa das Confederações ter sido um dos alvos dos protestos pelo país, muita gente usou o evento para revindicar melhorias sociais. Durante os jogos era perceptível a quantidade de cartazes e gritos entoados nas ruas do Brasil durante a série de passeatas. Na vitória por 10 a 0 da Espanha sobre o Taiti, a torcida cantou o hino brasileiro durante a partida, além de entoar o bordão "o povo acordou", em referência aos atos populares pelo Brasil.
O "ponto alto" das manifestações nos estádios aconteceu na cerimonia de encerramento da Copa das Confederações, no Maracanã. Durante a apresentação, dois figurantes largaram as fantasias e estenderam uma faixa pedindo que a arena carioca não seja privatizada. Outra faixa estendida por outros dois figurantes pedia o fim da homofobia no Brasil.
O fim do "padrão povo"
Apesar da evidente beleza dos seis palcos que receberam jogos da Copa das Confederações, o primeiro contato dos clássicos torcedores com as novas arenas não animou. Se não bastasse os locais demarcados, que facilitam a organização do espetáculo, mas tira a sensação contagiante de assistir um jogo no estádio, todos os "espectadores" são obrigados a assistirem os jogos sentados. Totalmente diferente da cultura brasileira, que não se preocupa tanto com o conforto.
Além desses problemas, relatados pelo Futebol Cartesiano recentemente, muitos torcedores tiveram problemas com os locais marcados nos ingressos, que divergiam dos assentos adquiridos. Alguns torcedores chegaram a prestar boletim de ocorrência contra a Fifa antes da partida inaugural entre Brasil e Japão, em Brasília. O motivo foi a mudança dos setores divulgados no momento da compra de alguns ingressos em relação ao momento de retirada dos bilhetes.
O grande jogo
Itália e Japão protagonizaram o que considero o jogo mais emocionante da história da Copa das Confederações. A vitória italiana por 4 a 3 apagou a grande atuação dos japoneses, que abriram 2 a 0 ainda no primeiro tempo, mas cederam a virada logo no início da segunda etapa. Apesar do empate, o Japão, que teve a chance de virar a partida com duas bolas na trave seguidas, perdeu a partida nos minutos finais, com gol de Giovinco, aos 40 minutos do segundo tempo.
O pragmatismo italiano, mais uma vez, foi suficiente. Entretanto, a nítida evolução japonesa encheu os olhos dos torcedores que compareceram à Arena Pernambuco. Já garantidos na Copa do Mundo de 2014, o Japão mostrou que poderá dar muito trabalho.
Salve, simpatia!
A Copa das Confederações terminou ao som de Jorgen Ben. Nada mais justo, ainda mais numa competição que o Taiti mostrou ao mundo que o importante também é competir.
Tecnicamente, não tenho o que falar. O time formado por 22 atletas amadores não teria condições de disputar a Série D do Campeonato Brasileiro.
Entretanto, valeu a torcida pelos jogadores da Oceania. O gol marcado pelo volante Tehau na derrota para a Nigéria por 6 a 1 foi o ponto alto de uma campanha fraca, mas que será lembrada por outros motivos.
Fotos: Globo Esporte
Após 16 jogos, chega ao fim a Copa das Confederações no Brasil. O teste para a Copa do Mundo de 2014 serviu para apontar problemas e qualidades em todos os componentes que formam o espetáculo do futebol.
Durante um e outro copo de cerveja, refleti sobre o "legado" deixado pela competição. Evidentemente, não falo apenas do legado físico, que envolve arenas esportivas e infra-estrutura dos municípios que receberam o torneio. Mesmo importante, a Copa das Confederações não pode ser usada com régua de medida para o sucesso ou fracasso da Copa do Mundo. Neste texto, falo principalmente do legado técnico e do que podemos esperar nos próximos 12 meses, quando a cobrança sobre a Seleção Brasileira será ainda maior.
"Habemus time"
Você pode questionar a teimosia do Felipão com o Hulk, ou a presença do Luiz Gustavo no time titular. Alguns saudosistas dirão que o time sente falta de um armador atuando na frente dos volantes. Entretanto, não podemos continuar dizendo que o time está em formação.
A Copa das Confederações serviu para o Brasil encontrar uma forma de jogar. A dupla de zaga com Thiago Silva e David Luiz deu a segurança necessária para que Daniel Alves e Marcelo subissem ao ataque de vez em quando. Enquanto isso, Paulinho era o ponto de equilíbrio desse time, ocupando inúmeras vezes a função de armador. A qualidade do ex-corintiano simplificou a vida de Fred e Neymar.
A volta de Júlio César
Nunca morri de amores pelo atual goleiro da Seleção. Apesar de reconhecer a sua qualidade no passado, especialmente jogando pela Inter de Milão, Júlio César sempre foi um goleiro que não me passou segurança quando atuou pelo Brasil. A falha diante da Holanda na Copa do Mundo de 2010, que culminou na eliminação brasileira, seria o fim da história do arqueiro na elite do futebol mundial.
Sem prestígio na "Nerazzurri", Júlio deixou Milão em 2012, se transferindo para o modesto Queens Park Rangers, da Inglaterra. Disputando a Premier League, o goleiro brasileiro alternou bons e maus momentos, colocando em dúvida os méritos de sua convocação para a Copa das Confederações.
Apesar da desconfiança, o camisa um mostrou que ainda tem condições de ser titular do Brasil. Com atuações seguras e apenas três gols sofridos na Copa das Confederações, Júlio César foi eleito, com méritos, o melhor goleiro do torneio.
"O craque da camisa número dez"
Que o Neymar é craque, pouca gente duvida. Porém, faltava ao ex-atacante santista uma grande atuação na Seleção Brasileira. Parecia que a grande atuação viria nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. Entretanto, o jogador ficou marcado muito mais pelas vaias que recebeu dos torcedores britânicos do que pelo futebol discreto que apresentou na campanha que culminou na medalha de prata.
Dessa vez a história foi bem diferente. O novo atleta do Barcelona precisou de apenas três minutos no primeiro jogo para mostrar ao mundo qual seria o seu papel na Copa das Confederações. Um belo chute de fora da área abriu o caminho brasileiro na vitória por 3 a 0 sobre o Japão em Brasília. No jogo seguinte, contra o México, outro belo gol e uma jogada de gênio pela ponta esquerda selaram a vitória brasileira em Fortaleza.
No último jogo da primeira fase contra a Itália, em Salvador, Neymar deixou o dele numa cobrança de falta perfeita, superando nada menos do que o goleiro Buffon. A vitória por 4 a 2 colocou o Brasil na primeira colocação do grupo A.
Apesar da atuação discreta de Neymar na semifinal contra o Uruguai, o craque participou dos dois gols brasileiros na vitória por 2 a 1 em Belo Horizonte.
A consagração do atacante veio em grande estilo, na decisão contra a Espanha, no Maracanã. Além de fazer o segundo gol, Neymar participou do terceiro, deixando Fred livre na frente de Iker Casillas após um belo corta luz. O prêmio de melhor jogador do torneio serviu como um belo cartão de visitas aos seus novos colegas espanhóis, não é?
A volta da "Família Scolari"
A fraca campanha com o Palmeiras, que culminou no rebaixamento da equipe no Campeonato Brasileiro de 2012, fez com que Luiz Felipe Scolari chegasse à Seleção cercado de muita desconfiança. Mesmo com os questionamentos da torcida e da imprensa, principalmente pela manutenção de Hulk no time titular, o treinador mostrou que ainda sabe montar um grupo vencedor. O Brasil pode esbarrar em muitos erros, como na armação das jogadas. Mas a Copa das Confederações, como disse anteriormente, serviu para que um time competitivo fosse formado. Queiram ou não, o caminho para a Copa do Mundo já começou.
Fúria?
A grande atuação da Espanha na estréia da Copa das Confederações na vitória por 2 a 1 sobre o Uruguai indicou que o torneio e o futebol mundial tinham um único dono. Entretanto, a fase decisiva mostrou outra coisa.
As humilhantes derrotas de Real Madrid e Barcelona nas semifinais da Liga dos Campeões indicaram uma ruptura no sistema de jogo que dominou o mundo nos últimos anos. Povoar o meio de campo e recompor rapidamente a defesa foram as armas utilizadas pelos alemães do Borussia Dortmund e do Bayern de Munique na competição europeia. Curiosamente, essas armas acabaram com o toque de bola espanhol na semifinal contra a Itália. Mesmo superior, a "Azurra" foi eliminada nos pênaltis. Já o Brasil, com muito mais poder ofensivo, não deu espaço para as investidas espanholas. A vitória por 3 a 0 numa decisão mostrou que a Espanha precisa se reinventar Caso o contrário, o futebol terá um novo dono no ano que vem.
Nunca duvidem da Itália
Definitivamente, não era a melhor Seleção Italiana de todos os tempos. A defesa, que sempre foi o ponto alto, deixou a desejar nos primeiros jogos da Copa das Confederações. Entretanto, a camisa pesa.
Barzagli e Chiellini, que bateram cabeça nos três primeiros jogos, mostraram justamente diante da Espanha como é o "jeitinho italiano" de se defender. Com segurança, os azuis chegaram à terceira posição, após a vitória sobre o Uruguai nos pênaltis. Se não fosse uma contusão de Balotelli antes da semifinal, a decisão poderia ser outra.
TV Bandeirantes 10 x 0 TV Globo
Toda grande cobertura esportiva passa pela análise dos torcedores. Comparações são feitas e opiniões são compartilhadas com a mesma rapidez de um chute. Não poderia ser diferente na Copa das Confederações.
O evento contou com a transmissão de duas emissoras. A Globo, velha de guerra nas competições da Fifa, e a Band, que também não fica atrás na "maturidade" das coberturas futebolísticas.
No meio dessa "festa", tivemos uma série de protestos em diversas capitais do país. A grande mídia, que num primeiro momento estava mobilizada quase que exclusivamente na Copa das Confederações, precisou se dividir. Enquanto a Band conseguiu executar a difícil tarefa com maestria, a Globo se perdeu. William Bonner, apresentador do Jornal Nacional, precisou voltar à bancada do telejornal, "abandonando" a sua rotina ao lado da Seleção.
Outro ponto favorável à TV Bandeirantes foi a quantidade de jogos transmitidos. Enquanto a Globo transmitiu nove das 16 partidas, a Band transmitiu 14 jogos ao vivo e dois tapes de jogos que aconteceram simultaneamente a outra partida.
A copa das manifestações
Apesar da Copa das Confederações ter sido um dos alvos dos protestos pelo país, muita gente usou o evento para revindicar melhorias sociais. Durante os jogos era perceptível a quantidade de cartazes e gritos entoados nas ruas do Brasil durante a série de passeatas. Na vitória por 10 a 0 da Espanha sobre o Taiti, a torcida cantou o hino brasileiro durante a partida, além de entoar o bordão "o povo acordou", em referência aos atos populares pelo Brasil.
O "ponto alto" das manifestações nos estádios aconteceu na cerimonia de encerramento da Copa das Confederações, no Maracanã. Durante a apresentação, dois figurantes largaram as fantasias e estenderam uma faixa pedindo que a arena carioca não seja privatizada. Outra faixa estendida por outros dois figurantes pedia o fim da homofobia no Brasil.
O fim do "padrão povo"
Apesar da evidente beleza dos seis palcos que receberam jogos da Copa das Confederações, o primeiro contato dos clássicos torcedores com as novas arenas não animou. Se não bastasse os locais demarcados, que facilitam a organização do espetáculo, mas tira a sensação contagiante de assistir um jogo no estádio, todos os "espectadores" são obrigados a assistirem os jogos sentados. Totalmente diferente da cultura brasileira, que não se preocupa tanto com o conforto.
Além desses problemas, relatados pelo Futebol Cartesiano recentemente, muitos torcedores tiveram problemas com os locais marcados nos ingressos, que divergiam dos assentos adquiridos. Alguns torcedores chegaram a prestar boletim de ocorrência contra a Fifa antes da partida inaugural entre Brasil e Japão, em Brasília. O motivo foi a mudança dos setores divulgados no momento da compra de alguns ingressos em relação ao momento de retirada dos bilhetes.
O grande jogo
Itália e Japão protagonizaram o que considero o jogo mais emocionante da história da Copa das Confederações. A vitória italiana por 4 a 3 apagou a grande atuação dos japoneses, que abriram 2 a 0 ainda no primeiro tempo, mas cederam a virada logo no início da segunda etapa. Apesar do empate, o Japão, que teve a chance de virar a partida com duas bolas na trave seguidas, perdeu a partida nos minutos finais, com gol de Giovinco, aos 40 minutos do segundo tempo.
O pragmatismo italiano, mais uma vez, foi suficiente. Entretanto, a nítida evolução japonesa encheu os olhos dos torcedores que compareceram à Arena Pernambuco. Já garantidos na Copa do Mundo de 2014, o Japão mostrou que poderá dar muito trabalho.
Salve, simpatia!
A Copa das Confederações terminou ao som de Jorgen Ben. Nada mais justo, ainda mais numa competição que o Taiti mostrou ao mundo que o importante também é competir.
Tecnicamente, não tenho o que falar. O time formado por 22 atletas amadores não teria condições de disputar a Série D do Campeonato Brasileiro.
Entretanto, valeu a torcida pelos jogadores da Oceania. O gol marcado pelo volante Tehau na derrota para a Nigéria por 6 a 1 foi o ponto alto de uma campanha fraca, mas que será lembrada por outros motivos.
Fotos: Globo Esporte